ensanguentou-se a fonte dos sonhos
por isso fecha os olhos e vê
como o desejo acabou - vê a prata suja
envolvendo os amantes
no meio de sedas cintilantes espelhos e fogos
onde sussurro das horas se perde
na trepadeira fatal das paixòes
vê
como um protege o outro - os dois procurando
um sémen limpo e
nenhuma palavra será adiada ou dita como dantes
vê
como a terra é um veludo a escorrer da boca
para a boca - triste néctar envenenado
contra os lábios que se despedem da casa
dos afectos
dos amigos
das coisas insignificantes e
da rua que não voltarão a ver
isolados dos outros
pernoitando na dormência ávida dos rios avançam
deitados no fundo da pesada barca - etéreos
entram com vagar na cidade desmoronada
na fissura destes tempo pestífero
que já não lhes pertence